Filhos e divórcio: como lidar?

24 Fev | Leitura: 6min

Filhos e divórcio: como lidar? | Blog Aprender Vivo

O divórcio ou a dissolução de uma união estável é uma transição na vida familiar que traz muito sofrimento a todos. Trata-se de uma decisão dos pais que os filhos precisam aceitar, embora nem sempre estejam de acordo.


Não existem normas claras sobre como lidar com os filhos, visto que cada família é única. Porém, algumas referências básicas podem ajudar, principalmente porque os pais ficam emocionalmente sobrecarregados e com mais dificuldade para adaptar-se às novas demandas que surgem nesse período de uma ação de divórcio.

Os efeitos psicológicos do divórcio nos filhos

Quando o casamento está muito conflituoso, alguns pais se questionam se devem ficar juntos pelos filhos enquanto outros acham que o divórcio é a única opção.


Além das muitas incertezas sobre o futuro, surgem as preocupações sobre como os filhos lidarão com o divórcio. A separação, o divórcio e muitas vezes um novo recasamento são processos estressantes para todas as crianças, mas algumas se recuperam mais rápido que outras. Algumas orientações e apoio aos pais podem ajudar as crianças a se adaptarem às mudanças, reduzindo os efeitos e impactos psicológicos do divórcio nos filhos.


Os filhos sofrem mais nos dois primeiros anos após o divórcio. Muitos apresentam muita angústia, raiva, ansiedade e descrença. Alguns parecem se recuperar mais facilmente, acostumam-se com as mudanças em suas rotinas diárias e ficam confortáveis com a nova forma de viver. Algumas poucas crianças continuam com problemas por muito tempo.


O divórcio, consensual ou não, cria um tumulto emocional para toda a família, sobretudo nos casos de divórcios litigiosos, mas especialmente para as crianças a situação pode ser bastante assustadora, confusa e frustrante.


As crianças pequenas muitas vezes lutam para entender o porquê de duas casas. Algumas se preocupam com a possibilidade dos pais também deixarem de amá-las, como ocorreu com o ex-casal. Em idade escolar, algumas se preocupam com a possibilidade de terem se comportado mal ou terem feito algo errado, assumindo a culpa pelo final do casamento.


Os adolescentes podem ficar muito irritados com o divórcio e com as mudanças no cotidiano, podendo culpar um dos pais pelo final do casamento ou ambos pela revolução na família.


Eventualmente, como uma exceção, a criança pode se sentir aliviada pela separação, acreditando que será o fim das brigas e haverá menos estresse.

Estresse relacionado ao divórcio

O divórcio geralmente significa que as crianças perdem contato diário com um dos pais – na maioria das vezes os pais. A diminuição do contato afeta o vínculo pai-filho, podendo levar muitas crianças a se sentirem menos próximas de seus pais após o divórcio. O divórcio também afeta a relação das crianças com quem mantém a guarda dos filhos – na maioria das vezes as mães.


Para algumas crianças, a separação dos pais não é a parte mais difícil. Em vez disso, mudanças como uma nova escola, uma nova casa e viver com a mãe ou pai solo – geralmente um pouco mais sobrecarregado – são apenas alguns dos estressores adicionais que dificultam o processo do divórcio.


Dificuldades financeiras também são comuns após o divórcio, a depender do desfecho da partilha de bens e da disponibilidade prévia de bens do casal. Muitas famílias têm que se mudar para casas menores ou mudar de bairro e muitas vezes têm menos recursos materiais.

Algumas orientações para os pais

  • Acolha e estimule a criança a compartilhar seus sentimentos.

Ao longo do processo de divórcio, é necessário que os pais conversem com o filho sobre seus sentimentos. Mesmo quando os pais estão sobrecarregados emocionalmente, é importante o filho sentir que há acolhimento para seus sentimentos, mesmo quando são difíceis ou dolorosos.


Concentre-se em ouvir e agradecer a honestidade da criança e evite resolver problemas ou tentar mudar como a criança se sente. Se possível, planeje com o ex-cônjuge como vão falar sobre o que está acontecendo. A criança pode ver seus pais tristes ou chateados, mas se estiver muito abalado emocionalmente, pode pedir ajuda para essa conversa a fim de que a criança não se sinta responsável pelo seu sofrimento.

  • O conflito é do casal, faça o possível para não envolver os filhos.

Discutir longe das crianças é muito difícil. Nunca diga algo negativo sobre seu ex na frente dos filhos ou de forma a que possa ser ouvido. Pesquisas mostram que, a longo prazo, crianças de pais divorciados se adaptam melhor quando não participaram diretamente nos conflitos dos pais.


Tomar partido ou ouvir coisas negativas ditas sobre um de seus pais coloca a criança em uma situação muito difícil. Frente a perguntas, responda da forma mais neutra e verdadeira possível.

  • Tente não usar a criança como mensageira ou intermediária, principalmente nas brigas.

Usar a criança para levar mensagens é tentador. Evite fazer perguntas sobre o que ocorre na outra casa. A criança sofre quando sente que está sendo convidada a "espionar" o pai ou a mãe. Busque comunicação direta com o ex-cônjuge para resolver agenda, visitas, problemas de saúde ou problemas escolares.

  • Espere oscilações quando as crianças se adaptarem a um novo parceiro(a) ou aos filhos do companheiro(a).

O processo de divórcio fica mais difícil quando surgem novos relacionamentos para os ex-cônjuges. Essas mudanças podem estar associadas ou exigir um novo período de adaptação. Mantenha bons canais de comunicação, tempo para conversar com os filhos e observe sinais de estresse para ajudar a prevenir problemas.

  • Busque ajuda, preferencialmente um grupo de apoio.

O apoio de amigos, parentes, grupos de orientação pode ajudar os pais e filhos a se adaptarem à separação e ao divórcio e a encontrar soluções para os desafios práticos e emocionais.

Os pais também precisam se lembrar de cuidar de si mesmos e de sua saúde mental. Reduza o estresse encontrando amigos e pedindo ajuda quando precisar. O exemplo de como cuidar bem da mente e do corpo durante tempos difíceis pode ajudar os filhos a se tornarem mais resistentes em suas próprias vidas.

Em síntese

O divórcio pode ser uma experiência desafiadora, contudo, honestidade, sensibilidade, autocontrole e o próprio tempo ajudarão no processo de superação. Os filhos vão sentir a cada mudança na vida dos pais (recasamento, parcerias com filhos, etc.).


Canais saudáveis de comunicação, o afeto dos pais e baixos níveis de conflito podem ajudar as crianças a se adaptarem melhor ao processo de divórcio. Além disso, uma relação saudável entre pais e filhos ajuda os filhos a desenvolverem maior autoestima e melhor desempenho acadêmico após o divórcio.

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