A importância das mulheres alfa

21 abr | Leitura: 9min

A importância das mulheres alfa | Blog Aprender Vivo

A Revista Forbes publicou recentemente um artigo do Dr. Rob Fazio - membro do Conselho Forbes, com mais de 20 anos de experiência como conselheiro sobre poder, influência e motivação - em que ele relata a observação do CEO David Solomon, da Goldman Sachs, de que as empresas com uma mulher no conselho têm um desempenho melhor do que as empresas que não têm.


Segundo Fazio, esse é um início para se diminuir a lacuna de gênero nas organizações, assim como reconhecer e trabalhar pela ascensão de mulheres alfa. Ampliar a presença feminina no mercado de trabalho é essencial. Com base em seu trabalho com organizações, ele percebeu que indivíduos alfas são a chave para abrir o caminho para a mudança organizacional e fazer com que as pessoas percebam a importância de defender as mulheres no mercado de trabalho e a mudança social.

"Alfa": o que significa?

O termo "alfa" vem de pesquisas sobre comportamento animal. Tradicionalmente, é usado para designar o animal macho líder de um bando.


A maioria dos executivos seniores são homens alfa, não por serem em número maior do que as mulheres alfa, mas por terem recebido mais oportunidades no nível executivo. Os homens tendem a se orgulhar de ser um alfa, de ter uma personalidade mais forte, enquanto as mulheres tendem a se desculpar por suas tendências alfa.


Em geral, é uma mulher alfa aquela que ambiciona a liderança. Ela é talentosa, altamente motivada e autoconfiante, o que a ajuda a liderar o grupo. Além disso, tende a acreditar que sua capacidade de vencer é ilimitada; mostra características de liderança e ambições extremamente altas, sendo reconhecida como impactante. Em síntese, a mulher alfa sabe o que quer, tem uma confiança contagiosa e é segura de si.


Em princípio, ser alfa não é ruim ou bom, mas sim a característica de alguém que assume a liderança independentemente de ser o líder identificado ou o especialista no assunto. Há valor em um alfa que, por exemplo, se dedica a questões ambientais, sociais e de governança, assim como tende a ser confiante e corajoso ao encorajar outros a apoiar a ideia de que um negócio deve se comportar de uma certa maneira. Alfas, em geral, são importantes, porém também é essencial ter mulheres alfas em papéis de liderança.

Mulheres alfa e liderança

Um estudo discutiu o desenvolvimento de um questionário de 14 itens para identificar mulheres que incorporam qualidades de liderança alfa e para ajudar na compreensão geral do perfil ou dos tipos de mulheres que atuam como líderes. Identificou que os índices de liderança, força e baixa introversão estavam relacionados à autoestima, inteligência emocional, perfil de liderança estudantil e traços masculinos.


A mulher alfa exerce uma liderança destemida, não é relutante. Por exemplo, uma líder feminina relutante, com dúvidas para saber se é ou não indicada para tal liderança, pode dizer: não sei se pertenço a esse papel de liderança, não sou uma líder nata, não sei o suficiente, não ganho o suficiente, não faço o suficiente para liderar. Por outro lado, a mulher alfa destemida dirá: sei que posso inspirar outros, adoro ser uma líder, sei que posso causar um grande impacto neste mundo.


Apresentam alta inteligência emocional, a capacidade de reconhecer e entender suas emoções e as de outros, gerenciar suas próprias e influenciar as dos outros. Têm consciência de que as emoções podem impulsionar seu comportamento e impactar as pessoas (positiva e negativamente).


Essas características as tornam boas mediadoras de negócios. Facilitam os relacionamentos sociais, começando conversas, alegrando o ambiente, apresentando as pessoas. Amenizam os desentendimentos e facilmente assumem o comando.


Tendem a ser muito dedicadas ao aprendizado contínuo, valorizam sua capacidade de aprender a enfrentar desafios, aprender com a experiência ou com os outros. Para isso, costumam ler constantemente, mergulhar profundamente em sua experiência, aprender sobre novos campos, pesquisas e tópicos.


São mulheres ambiciosas. Embora não percebam limites para o sucesso, não o consideram uma conquista solitária, pelo contrário, valorizam o apoio emocional de pessoas próximas. Geralmente buscam mentores, desafios, procuram novas oportunidades, querem mais renda, mais chances, mais da vida.

Acentuando o lado alfa

O artigo da Forbes já mencionado propõe, assim, quatro sugestões que podem acentuar o lado alfa nas mulheres:

1. Peça menos desculpas

Se você discorda ou tem um ponto de vista diferente, deve se sentir confortável em expressar essa visão sem se desculpar. Muitas pessoas se desculpam antes de colocar um ponto de vista, o que enfraquece o argumento. Em vez de se desculpar, reconheça o que foi dito, e então diga sua opinião. Pode ser colaborativa e clara ao mesmo tempo.

2. Defenda iniciativas além de questões de gênero

Não significa deixar de defender as mulheres, mas se envolver em outros movimentos e ter posições sobre uma variedade de questões. As empresas são culpadas de esperar que as mulheres sejam as líderes de grupos de defesa das mulheres, o que pode até tirá-las de seu trabalho ou injustamente marcá-las como alguém que só se concentra na igualdade de gênero. Os homens também precisam se adaptar mais nessa área para ampliar sua perspectiva.

3. Crie alianças com pessoas poderosas e com as sem poder

Os relacionamentos são cruciais para o sucesso. Quanto mais você diversificar seus contatos, incluindo pessoas influentes em seu meio e também aquelas sem poder, mais impacto positivo pode ter.


Use sua influência para construir alianças com pessoas poderosas para que possa realizar o que considera importante. Em relação às pessoas que não têm uma posição de poder, entenda o que é importante para elas e as defenda. Ajude-as a serem bem-sucedidas, e você construirá uma parceria leal em que realizarão mais juntos.

4. Domine a força sutil

Alfas tendem a querer dirigir e às vezes dirigem tão rápido que não prestam atenção aos outros. Os alfas assumem o comando porque buscam alto desempenho. Uma motivação alta para o desempenho precisa ser equilibrada com um propósito ou motivação que inclua pessoas. Isso permite que as alfas evitem focar apenas em obter os resultados que querem e, em vez disso, permite que prestem atenção ao que importa para os outros.


Dominar uma força sutil pode ajudá-la a alavancar sua motivação enquanto traz outros junto. Força sutil é uma influência intencional que demonstra uma confiança calma, equilíbrio e respeito.


Quando se trata de sucesso no trabalho e na vida o conselho é o mesmo para homens e mulheres: seja quem você é, mas não esqueça de estar consciente, adaptável e intencionalmente influente. Embora existam diferenças entre homens e mulheres, podemos estar certos de que a melhor abordagem é ser capaz de integrar as forças naturais dos diferentes gêneros.


Quanto maior for a participação feminina e quanto mais líderes emergentes forem mulheres que se sentem confortáveis em assumir o comando e estão conscientes da importância em adaptar-se, maior a chance de se cobrir a lacuna de gênero e alcançar mais negócios e mais bem social juntos.

Nos relacionamentos

Em relação à vida pessoal, existe o risco da mulher alfa exagerar em algumas posturas e provocar disputas de poder entre o casal. Precisamos diferenciar os traços de mulher alfa, que assume o papel de autoridade, define procedimentos, lidera o grupo, etc., e a necessidade emocional de estar no controle, a imposição de sua visão de mundo e a necessidade de obediência como prova de amor.


A mulher que tem e assume autoridade no serviço em geral irá escolher um homem que também assume seu lugar e, portanto, os dois irão discutir eventuais conflitos, de modo a negociar o melhor para o casamento. Pelo contrário, quando há a necessidade de assumir forçadamente a liderança, esperando obediência do outro, maior a chance de problemas relacionais. Poderá ser criado um cabo de guerra em que um deverá ceder/obedecer – uma disputa de poder em que todos perdem.


A necessidade de controlar (e de que o outro obedeça) afeta a vida sexual, principalmente quando um deles vai acumulando raiva/hostilidade. Ao não conseguir fazer valer sua vontade no dia a dia, a hostilidade resultante pode se manifestar em disfunções sexuais. Na vida afetiva, fica difícil para os dois desenvolverem cumplicidade e confiança, tendendo a ficarem em alerta e checando se tudo está sob controle, o que é sempre altamente destrutivo para os dois.

Feminilidade

Teorias do desenvolvimento inspiradas na experiência masculina identificam maturidade com a maior capacidade para separação, autonomia, independência, autossuficiência, dificultando a valorização de algumas características femininas. Homens e mulheres necessitam de relacionamentos que promovam crescimento, considerando a experiência de perda de vínculos de sustentação uma das principais fontes de problemas psicológicos. Neste referencial, a mulher se reconhece predominantemente pela capacidade de criar e manter vínculos, sendo o relacionamento junto a outras mulheres uma importante fonte de significados e de sustentação (Fleury, 2006).


No entanto, esta necessidade de vinculação para a sensação de self pode intensificar algumas características da identidade feminina, como por exemplo, concepções de feminilidade que consideram a mulher como nutridora emocional e física. Espera-se da mulher o desenvolvimento de uma economia emocional voltada para os outros, considerando voraz e excessivo o desejo de autoalimentação ou autocuidados.


Pressões sociais podem levar a menina a acreditar que sua identidade se caracteriza pela ausência de raiva e de necessidades próprias, tornando o sentimento de raiva ameaçador para sua identidade como mulher e para sua feminilidade.


Exceto nos cuidados com os filhos, caracterizados como interesse por uma outra pessoa, a mulher tende a suprimir sistematicamente a raiva, aumentando a sensação de fragilidade e comprometendo sua autoestima. Este mecanismo pode expressar-se através de sintomas psicológicos ou somáticos, mais frequentemente através da depressão, além de influenciar sua maneira de lidar com conflitos.

Conclusão

No desenvolvimento da identidade de gênero, a mulher pode desenvolver uma percepção de si mesma com uma divisão baseada nas características atribuídas aos dois gêneros, reconhecendo como masculinos seus aspectos voltados para a busca de autonomia e como femininos aqueles mais afetivos e dependentes. Esta condição pode ser acentuada pela desvalorização e consequente dificuldade em reconhecer muitas de suas características femininas, criando no desenvolvimento da mulher uma profunda sensação de que falta algo, de não estar completa.


Essas e outras questões psicológicas podem acentuar a culpa e o sofrimento no pleno exercício da liderança e na expressão de força por mulheres com esse perfil nomeado alfa. Quando a contenção de seus recursos pessoais é acentuada, pode ser necessário ajuda psicológica.

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